domingo, 17 de novembro de 2024

Mãe narcisista e marido narcisista: Será que você atraí narcisistas ?

"Virginia, parece que eu atraio narcisistas! Tenho uma espécie de "para-raio" para narcisistas, porque minha mãe é narcisista, meu namorado é narcisista, eu descobri que minha esposa é narcisista, já tive um chefe narcisista e uma amiga narcisista. Está tudo errado! Será que estou atraindo esses seres? Eu tenho medo!

Calma, você não atrai! Na verdade, não é bom falar isso, pois parece que estamos afirmando que atraímos de fato. Mas existem alguns padrões em sua vida que, por você ter vindo de um lar disfuncional, podem contribuir para isso. 

"Por que isso acontece, Virginia? Então, já que o problema não sou eu, já que eu não tenho "para-raio", o que está acontecendo? Existem algumas teorias, e como psicanalista, não posso deixar de falar sobre a teoria de Freud sobre a compulsão à repetição. A compulsão à repetição ocorre quando você acaba repetindo um padrão familiar de traumas que viveu na infância. Se você veio de uma infância disfuncional, o que acontece na infância não fica na infância para a psicanálise. Então, de forma inconsciente, você pode acabar se envolvendo com pessoas que repetem esses padrões negativos.

Outra teoria é o conceito de "reencenação traumática". Nesse conceito, você acaba criando, inconscientemente, situações que recriam cenas traumáticas do seu passado, como uma briga com seus pais, por exemplo, ou uma situação de violência doméstica, caso sua mãe tenha sofrido com seu pai. Ou, se você foi vítima de abuso s%xual, você pode se colocar em situações de risco que pessoas que não passaram por isso não se colocariam. Isso acontece porque o seu cérebro deseja, de forma inconsciente, resolver esses traumas. Mas, no trauma, você não tem controle da situação, e é algo negativo. Então, quando você "reinicia" o trauma, é uma forma de tentar obter controle sobre ele.

A compulsão à repetição é uma tentativa de elaborar um trauma e dar um ponto final nele, enquanto a reiniciação traumática é uma tentativa de resolver esse trauma e ter controle sobre ele. Em ambos os casos, você entra em um ciclo inconsciente, mas que, na prática, acaba se envolvendo em situações negativas.

Por fim, você se torna uma presa fácil para pessoas abusivas, independentemente de serem narcisistas ou não. Podem ser psicopatas, pessoas tóxicas, mas o fato é que você foi criado em um lar disfuncional, seus padrões estão distorcidos, e você tem crenças centrais negativas. Essas crenças fazem com que você olhe o mundo e as pessoas com uma lente cor-de-rosa, acreditando que não vale nada, que é um ser defeituoso e que qualquer coisa boa é demais para você. Esse é o sentimento do "sobrevivente" que ainda não entendeu que é um sobrevivente.

No meu curso, há um módulo dedicado a essas crenças centrais, para ajudar você a criar um novo programa mental, eliminando crenças negativas e inserindo crenças positivas sobre si mesmo, o mundo e as pessoas. A terapia cognitivo-comportamental trabalha bastante isso, e também abordo no curso. Clique AQUI e inscreva-se.

Quando você passa por tudo isso, o trauma de uma família disfuncional cria uma "lente defeituosa", e você acaba se tornando presa fácil, entrando no ciclo de compulsão à repetição. Isso vai se repetir se você não tomar uma decisão de o que fazer com o seu tempo. O tempo por si só não resolve isso, e você precisa de ajuda especializada. Esses padrões vão continuar se repetindo se você não mudar suas atitudes, se não aprender sobre os perversos, não aprender a identificá-los, estabelecer limites em suas relações e, principalmente, não tratar os seus traumas.

Não adianta continuar dizendo "eu sou um ímã para narcisistas". Isso não resolve. Se você não fizer nada para mudar, vai continuar atraindo essas situações de forma inconsciente. Então, minha dica para você é: não diga que é um ímã. Trate suas dores, transforme suas crenças centrais para que esses padrões não se repitam. Chega de narcisistas em nossas vidas!

Tratar os traumas é essencial para parar de atrair narcisistas e outros tipos de abusadores emocionais. Quando não lidamos com nossas feridas do passado, como aquelas causadas por uma infância disfuncional, podemos inconscientemente repetir padrões de relacionamentos prejudiciais. Isso acontece porque, sem perceber, buscamos situações que nos lembram traumas não resolvidos, na tentativa de reescrever a história e ter controle sobre ela. Ao trabalhar esses traumas e transformar crenças negativas sobre si mesmo, começamos a mudar nossa percepção do que merecemos, estabelecendo limites saudáveis e atraindo relações mais equilibradas. O processo de cura é essencial para se libertar desses ciclos e construir uma vida emocionalmente saudável. Busque um profissional especialista em vítimas de narcisistas, para não correr o risco de ser invalidada(o).

Virginia Coser - Psicanalista Clínica - Registro SOPES - 0120-2021


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